Dia +339

Hoje é dia da mãe.

Um dia que ganhou todo um novo sentido desde que descobrimos a doença do João. Como todos os outros, aliás.

Todos os dias são únicos e preciosos, nós é que nos esquecemos disso.

As mães do IPO são especiais. Porque lutamos com todas as nossas forças, fazemos o impossível, só para podermos comemorar um dia na companhia dos nossos filhos. Um dia qualquer. Contentamo-nos com qualquer um.

Conforme vamos entrando na "normalidade" tendemos a regressar ao passado e dar os dias por garantidos.

Nada como uma má notícia para nos trazer de volta à nossa "realidade".

O que comemora uma mãe que sabe que o filho recidivou?

Não foi o meu João, mas foi um daqueles amigos próximos.

O que comemoram as mães que perderam os filhos este ano?

Quem está de fora não percebe o que isto nos afecta.

O transplante, ao contrário do que muita gente erradamente pensa, não é a cura.

É uma parte do tratamento, que pode resultar ou não.

Não há garantias de nada.

Por mim, hoje, fico o dia todo agarrada ao meu filho. A dar-lhe muitos beijinhos, já que não sei o tempo que nos resta.

Como ninguém sabe, de resto, só não têm essa noção tão presente.

Feliz dia das mães, em especial para a minha.

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