Dia +295

Hoje o mundo ficou mais pobre e triste.
O meu querido amigo Kevin partiu. Para um sitio onde não há doenças nem sofrimento.
Quando entrámos no IPO, achei que não queria falar com ninguém, queria passar pelo que tivesse que ser e esquecer que aquele sitio existe.
Mas não resisto a uma criança que sorri. Que me revira os olhos e me pergunta como é que se chama o (meu) menino.
O Kevin ficou sempre comnosco naquele primeiro internamento.
Adorava quando ele, à noite, com a chucha na boca, telefonava ao pai e perguntava pela Bia.
E a risota que foi quando uma barata entrou na caixa dos carrinhos dele. O pai dele e o pai do João envolveram-se numa caça à barata enquanto eles riam dos nossos gritos.
Quando o João estava com dor de barriga, o meu amiguinho perguntava se estava melhor.
As trocas de carrinhos que fazia com o João, que o atasanava dizendo que o dele era o melhor.
Da alegria dele quando lhe levei o Carros 2.
É impossível uma pessoa não se deixar envolver. É impossível não sentir a dor das outras mães.
Era preciso ser muito fria para passar por ali sem fazer amigos. De todas as idades.
Brilha muito meu querido amigo. Continua a revirar-me os olhos. E toma bem conta dos teus pais e da tua Bia.