Brigadas de Recolha de Dadores de Medula Óssea

quinta-feira, 22 de março de 2012

Dia +294

Ir à pediatria provoca em mim um misto de emoções.
Gosto de rever as auxiliares, as enfermeiras, os médicos.
Não gosto de ver as mães, os pais, os filhos.
Esta semana tem sido pródiga em más notícias.
Logo na 2ª feira morreu uma amiga da familia, tinha leucemia.
Hoje fui com o João ao IPO, à escola.
Encontrei duas mães. Daquelas mães a quem já nada resta a não ser uma grande grande dor.
Daquelas mães cujos rostos já não conseguem esconder o que as mata por dentro.
Eu fiquei de rastos. Parece que fui contra uma parede a 200km/h.
Estava sozinha à espera do João e não fui capaz de as segurar mais. As lágrimas, teimosas, caíram sem parar. A minha cabeça explodia por dentro.
De repente vi-me no mesmo sofá do dia 15\06\2010, vi a Drª Ana a passar e a dizer que sim, era uma leucemia, só não sabiam ainda qual.
Revivi o medo. Um medo profundo, a dor e angústia, a frustração por não poder fazer nada para salvar o meu filho.
Veio tudo à memória. As palavras da Drª Ana, quando me disse que não sabiam como é que o íam tratar, a mesma Drª a correr corredor fora quando o João entrou em remissão.
Há dias que não sei o que me segura, não sei como aguento. Faltam-me as forças.
Se no início me questionava porquê eu, agora a pergunta é porquê eles?
Porquê? Porquê?

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