Quando vimos chegar os sacos de medula, ficamos excitadissimos.
Invadiu-me um sentimento de gratidão tão profundo, como nunca havia sentido antes.
Saber que houve alguém que se dispôs a ir a um hospital, perder um dia de trabalho, quem sabe, sujeitar-se a uma anestesia, sim porque o dador do João doou directamente da medula e não do sangue periférico, para salvar alguém no mundo, é de um altruísmo muito grande.
A cada gota que caía eu via vida, via esperança, via o João a ficar bom.
Foi difícil não chorar porque estava muito emocionada, mas era mais difícil estar a explicar ao João o porquê. Porque é que aquele "sangue" era tão diferente dos outros todos.
Foi mais uma noite sem dormir, no meio de tantas, mas aquela noite foi a adrenalina que não me deixou dormir (a máquina, o monitor e as enfermeiras ajudaram um bocadinho).
Um ano depois, afinal, foram só coisas boas.
Onde tanta coisa podia a contecer e correr mal, até foi pacífico.
Amanhã, dia da criança, do meu João "novo", de uma esperança renovada, vamos lembrar-nos de todos os dadores que pelo mundo salvam vidas, também de todos aqueles que ainda esperam por dador e ainda de todos os nossos amigos, companheiros de luta.
Será um dia de reflexão, com certeza.
Um grande bem-haja a todos os dadores de medula e de sangue. OBRIGADO do coração e, claro, desejo as maiores felicidades ao dador do João.
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