Brigadas de Recolha de Dadores de Medula Óssea

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Dia +258

À pouco dei com uma noticia no JN sobre as bonecas sem cabelo para os meninos com cancro.
Fiquei irritada. Que ideia mais absurda.
Não concordo nem nunca vou concordar.
Estar a obrigar os miúdos a lembrarem-se constantemente que estão doentes é do mais atroz que existe.
As crianças acabam por ultrapassar a situação de alopécia melhor que os adultos. Nós é que nos importamos muito e temos muita pena. Eles não.
Eu detestei ver o João careca, por tudo o que isso significava, mas não fiz disso um drama. Nem ele. Fizemos uma festa quando chegou a altura de cortar os cabelos e faziamos questão de o lembrar que havia de crescer novamente. E mais, todos os dias, sem excepção, eu digo ao meu filho que ele é lindo. Não preciso de um Ken ou um GI-Joe careca.
Mas agora que o cabelo voltou a crescer tão depressa não lho corto. Mas por mim, não por ele. Eu é que fiquei traumatizada, ele não.
Os miúdos querem é brincar e esquecer que estão doentes. Já é mau que chegue estar fechado no hospital, fazer tratamentos que os deixam muito mal dispostos, não precisam que um boneco parvo os lembre disso constantemente.
O João nunca se sentiu discriminado por estar careca. Nem os colegas nem ninguém o descriminou por isso. Notava-se mais o olhar dos adultos.
Alguém me disse, ou li, já não me lembro, que a forma como encaramos a doença, é a mesma como os outros as vão encarar. E é bem verdade.
Encaramos isto com naturalidade, à frente do João, como é óbvio. Desdramatizamos ao máximo. Rimos de coisas que não tinham piada nenhuma, brincamos muito, choramos também, fizemos mapas do tesouro nas costas do João, pusemos os médicos a rir.
E dúvido que alguma mãe/pai com 2 dedos de testa compre uma coisa dessas.
O importante é não fazer da doença um drama. Pelo menos à frente das crianças. O João até hoje, e dou graças por isso, não se apercebeu da gravidade da situação e encarou a doença como uma coisa passageira, altamente chata mas que vai passar e ele vai ficar bom. O que ele mais quer é ir para a escola.

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