Brigadas de Recolha de Dadores de Medula Óssea

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Dia + 221

E hoje, finalmente, só boas notícias.
Até tenho medo de agoirar.
O João está óptimo. Os valores oscilaram um bocadinho mas estão dentro do normal. Mas do normal de uma pessoa normal, não um normal, pos-transplante. E mesmo com a redução do imunossupressor.
Fora ter uma parte do couro cabeludo a descamar, derivado do draft e nada de preocupante, a Drª só o quer voltar a ver no dia 19. 10 dias de liberdade. Que é como quem diz, 10 dias sem ir às consultas porque não se livra de lá ir para a escola.
Hoje voltou a reduzir o imunossupressor e esperemos que se mantenha bem, caso contrário volta mais cedo à consulta.
Hoje estou tão contente que até tenho medo. Isto muda da noite para o dia e fartinha de baldes de àgua fria estou eu.
Nem costumo ficar assim, normalmente contenho-me e fico à espera da má notícia.
Hoje o João ficou um pouco triste por não ter encontrado o amiguinho na consulta.
Comentava com ele que devia, eu, escrever um livro sobre as amizades do IPO, ali não há falsidade. São amigos de verdade que se ajudam no que podem, que ficam contentes por nós, apesar de até estarem a passar um mau bocado.
Quando o João adoeceu perdemos uns quantos "amigos"as ganhamos novos amigos, mas de verdade.
Ultimamente tenho pensado na dor e no medo que senti quando soubemos da doença. Parece-se com as dores de parto. Dói como tudo, mas assim que olhamos os nossos filhos nos olhos pela primeira vez, esquecemos logo as dores. Nem nunca mais nos lembramos delas. E com esta doença tem sido assim, é aterrador quando vemos o nosso filho a chorar de dores, a pedir por favor mamã mais não, a "sentença de morte" que é uma doença destas. Mas quando vejo o meu filho a dançar, o seu hip-hop de alegria por estar a baixar a medicação, quando o vejo feliz por estar com os amiguinhos do hospital, quando vai a correr para os treinos. Esqueço. Esqueço a dor, as noites sem dormir, o medo, tudo. Esqueço tudo.
Ver o meu filho bem e feliz é a melhor terapia que uma mãe pode ter e desejar.

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